sábado, 6 de setembro de 2008
A Imagem
O sinal fechou. Ali pelo Jardim Botânico há mais carros que palmeiras. E eu estava dentro do meu, tentando suportar um calor que o ar-condicionado não dava conta. Meio dia não é hora de dirigir, é hora de almoçar. Num lugar fresco, de preferência. Senti uma gota de suor sendo expulsa do meu corpo pela testa, e ela lentamente desceu a pele até se instalar em minha sobrancelha. Abri a janela, olhei o retrovisor, me assustei. Era lindo o reflexo do espelho. Infinitas palmeiras enfileiradas como soldados contrastando o seu verde com o azul do céu. Me virei para ver com meus olhos, mas era diferente – mais feio. Olhei de novo o retrovisor e percebi que aquele era o recorte perfeito. Como em fotografia, tudo que não precisava não era enquadrado. Não havia carros, nem fumaça. Não havia moleque malabarista pedindo dinheiro nem moça dormindo no muro de pichações. Só havia a beleza que supomos que essa cidade tem. Olhei o painel, e o relógio agora marcava meio dia e um, e um ruído de buzina cortou meu silêncio pra me lembrar que estava calor, que estava com fome e que o sinal já tinha aberto. \
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7 comentários:
Pena que não é possível ficar apenas com esses recortes e, ao mesmo tempo, não ser alienado.
menos de um minuto e tudo isso...
Este "ir" e "vir" é quase como o momento de uma vida inteira. Uma imagem de algo que só existe dentro da gente e que ninguém, além de nós mesmos, consegue enxergar. E não é só imagem, mas também sons... sensação. Não há tempo, nem espaço.
Incrivel como conseguimos ter uma visão diferenciada das coisas e como temos um sentido diferente a cada minuto da nossa vida.
Abç!
http://biblinotas.blogspot.com
Oi. Belo recorte. Ainda é possível fugir da confusão das cidades com esses momentos.
Inté!
as vezes algumas coisas na vida tornam-se mais bonitas se vistas de outro ângulo totalmente particular.
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