sexta-feira, 25 de abril de 2008

O prazer me destruiu


Avistei. Lá vinha ela vestindo o sorriso meia-boca irresistível que já vi usar com tantos outros homens. Muito prazer foi o que ela disse. Dois beijinhos, muito prazer! Certeza de que o prazer que ela diz não é o prazer que sente. Que prazer é esse que uma menina de no máximo vinte anos conhece? Prazer do dinheiro, prazer do sexo, das drogas. O hedonismo mais raso de todos é o que ela vive. Mesmo sabendo da escapez da fala me orgulhei de ouvi-la saindo de tão belos lábios. Diretamente para mim. Com meus quarenta, já conheço o que digo. Muito prazer, retribui. Ela sorriu, conversou três palavras com meu amigo, saiu, sumiu.

Semana seguinte lá estava ela com um sorriso meia-boca vermelho. Avistou. Lá fui eu. Meu amigo me seguiu. Ela passou por mim e cumprimentou o outro. Se virou para mim, muito prazer. Dois beijinhos, esfriei. O prazer me destruiu, me esvaziou. Que pena!, tão bonita e não sabe aproveitar a mais bela das palavras, que diretamente foi a ninguém. Com seus vinte não sabe o que diz. Bom falar com você, retribui. Eu sorri, conversei três palavras com meu amigo, sai, sumi.

5 comentários:

Pedro Rabello disse...

E tem gente que não aprende nunca o que dizer. Talento com as palavras é para poucos. E você o tem. Muito bom o texto!

Luifel disse...

Velho, concordo com o Pedro! Tem gente que não aprende nunca o que dizer... Seria as vezes melhor que se calasse, mas será que calar seria bom?

Abç!

Unknown disse...

achei arrogante da parte do quarentão. pra mim ele que não deu a chance da menina dizer alguma coisa... humpf! huauhahua

Cavalinho disse...

Gostei.
simples assim.
gostei.

Unknown disse...

villier de l'isle-adam semi-revisado.

é de confundir.

bacana.